Livro - correspondência: mário de andrade e sérgio buarque de holanda embora o volume total da correspondência de mário de andrade (1893-1945) e sérgio buarque de holanda (1902-1982) seja relativamente pequeno, as cartas reunidas por pedro meira monteiro proporcionam uma visada panorâmica sobre os anos decisivos da eclosao e da consolidaçao do modernismo no brasil
Os dois amigos paulistanos corresponderam-se entre 1922 e 1944
Unidos por afinidades pessoais que remontavam aos preparativos da semana de arte moderna, mas eventualmente apartados por corteses divergências de cunho estético e político, viveram a maior parte desse período em cidades diferentes
Sérgio, no rio de janeiro, onde construiu uma fulgurante carreira de jornalista, professor e historiador; mário, em sao paulo, cidade-sede da efervescência modernista e que inspirou seus melhores poemas
Ao longo dos anos, como destaca o organizador, percebe-se que o jovem embaixador dos "rapazes de sao paulo" na capital federal foi-se convertendo numa espécie de ¿consultor¿ do amigo mais velho para assuntos relacionados à historiografia e aos arquivos coloniais
Por sua vez, o autor de macunaíma, católico praticante mas visceralmente antidogmático, nunca deixou de merecer a respeitosa amizade de sérgio, materialista agnóstico sempre atento às questoes teológicas e existenciais que angustiavam o amigo
Alguns entre os principais nomes da cultura nacional na primeira metade do século xx - lima barreto, alceu amoroso lima, di cavalcanti, carlos drummond de andrade, candido portinari, manuel bandeira, prudente de moraes, neto - desfilam entre as confidências e recados carinhosamente trocados por mário e sérgio
Por meio de um agudo ensaio crítico, e com o auxílio de um amplo aparato de notas explicativas, meira monteiro elucida as entrelinhas das questoes intelectuais que compoem o pano de fundo do diálogo epistolar destes dois gigantes da inteligência brasileira.