O selo escrituras, dentro da coleçao ponte velha, ediçao apoiada pelo ministério da cultura de portugal e pela direçao-geral do livro e das bibliotecas (dglb), publica palavras secretas, de maria teresa horta, organizado por floriano martins e ilustraçoes de siegbert franklin.quando escreve, maria teresa horta nao busca interlocutor
A poesia pura e simplesmente brota como o cristal de rocha na parede de uma gruta
Algo que ela nao controla nem pretende controlar nessa viagem pelo interior dela mesma
E nessa medida, sem dúvida, pelo interior da essência feminina.maria teresa defende que há sempre algo a mais atrás de qualquer tema, assim como há sempre uma nova inquietude e, no caso do erotismo particularmente, essa inquietude está sempre lá, embora a maior parte das vezes oculta
Quanto aos falsos pudores, esses continuam, infelizmente, quase tao fortes hoje como antes
Nao deixa de ser curioso verificar que no portugal pós 25 de abril, onde a pornografia já é aceita e até mesmo procurada sem qualquer escândalo, sua poesia continua a incomodar!em sua poesia, o erótico reflete, fundamentalmente, a perenidade do corpo, enquanto lugar da natureza, da beleza, do contínuo florescimento do prazer; logo, refletindo a sua condiçao imanente
Mas, o fato dos meus poemas pouco ou nada terem a ver com o sagrado, nao quer dizer que nao se alimentem do mistério, nao mergulhem na ambigüidade, nao se entreguem ao fascínio da ambivalência, nao sejam atraídos por aquilo que os transcende
Mas, sempre para tornarem a si próprios enquanto corpo terreno: o frágil e o fogo, o tudo e o nada, o voo e as raízes, num entrançamento enredado e infindável.