A autora do celebrado romance arlington park entretece aqui um sutil panorama social por meio de consciências singulares
Composto de cenas fragmentárias, o romance se apoia na inquietude de um casal que decide trocar de papéis
Com quase quarenta anos e pais de uma filha de oito, thomas bradshaw e sua mulher, tonie, têm uma vida estável nos arredores de londres
No entanto, quando tonie é chamada a trocar as aulas de literatura em tempo parcial pelo cargo de chefe do departamento de inglês na universidade, abandona a zona de conforto do trabalho entremeado à vida doméstica e avança com curiosidade por seu novo universo solidamente regulado
Movido por curiosidade simetricamente oposta, thomas abdica de seu próprio emprego e assume o antigo lugar de tonie, cuidando dos afazeres domésticos e estudando piano, à procura de resposta para a pergunta: "o que é a arte?"
O leitor terá diante de si um ano na vida dos bradshaw, flagrados em cenas do cotidiano em que nao raro despontam o sinistro e o grotesco
Como um romance sem herói ou música que se faz no diálogo entre as partes executadas por seçoes diferentes de uma orquestra, a família se desdobra também pelos olhares de parentes e até da sublocatária imigrante, testemunhas da estranheza desse casal que decide conduzir uma nova experiência
Como uma boa faxina na casa ou uma sinfonia, que podem trazer seu próprio momento de iluminaçao, um dos acidentes da vida que fará que a resposta às perguntas do casal surja onde nao era esperada.