Vida vadia, de richard price ? autor de sete romances antes deste, e de vários roteiros para cinema e tevê ? começa de forma hilária, com uma equipe de policiais a paisana vigiando o tráfego noturno no lower east side, regiao barra-pesada de nova york que vem sendo invadida por yuppies de uptown
Os detetives ficam de olho nos motoristas que se comportam de forma excessivamente normal, obedecendo ao pé da letra as convençoes de trânsito, sinal de que têm algo a esconder
Nessa mesma noite inaugural ocorre um assalto contra três rapazes bêbados, seguido do assassinato de um deles
As suspeitas recaem inicialmente sobre eric cash, que acompanhava o garoto assassinado na noite do crime e era seu colega de trabalho num dos bares da moda que fervilham na regiao
Cash parece um bom suspeito
Já cumpriu pena por tráfico de drogas, atuou como ator em peças obscuras, publicou um conto numa revista literária já extinta e agora tenta escrever um roteiro de cinema sem destino certo
Em torno dele pululam as figuras típicas deste cenário carregado de conflitos: judeus da velha guarda que ainda circulam entre ruínas de sinagogas centenárias, a populaçao de baixa renda dos conjuntos residenciais populares ? de onde, aliás, richard price provém ?, imigrantes chineses ilegais que vivem entocados em cubículos de cortiços, comerciantes arabes, negros e latinos desempregados, boêmios, traficantes e a polícia, com quem o autor patrulhou as ruas do bairro durante suas demoradas pesquisas de campo para escrever este romance ? ao qual o leitor assiste, mais do que lê, de respiraçao suspensa e coraçao aos pulos, como que grudado na poltrona do cinema
Vida vadia, o mais elaborado livro de richard price, coroa a incrível maestria do autor no uso das variantes coloquiais do inglês falado na multiétnica big apple, criando um poderoso vínculo de intimidade entre o leitor e a história.