Fechado num pequeno quarto e vigiado o tempo todo por câmeras e microfones, um homem de certa idade busca reconstituir sua memória
Ele nao sabe onde está - hospital, prisao, asilo? - e muito menos o que faz ali
Todos os dias recebe a visita de uma enfermeira que lhe desperta lembranças imprecisas e dolorosas e, mais esporadicamente, de um ex-policial
Aos poucos, descobre que no passado foi alguém com o poder de enviar pessoas a missoes difíceis e perigosas das quais muitas nao voltaram com vida
Sobre a escrivaninha do quarto o homem encontra um manuscrito inacabado
É a história de um agente de uma grande potência, numa época indeterminada, que ultrapassa clandestinamente a fronteira entre seu país e as terras bárbaras a fim de investigar uma possível insurreiçao dos povos independentes.uma história ilumina obliquamente a outra, e o protagonista sai de sua letargia ao imaginar uma continuaçao para o manuscrito
Ao lado do persistente desejo sexual, a fabulaçao literária parece ser a unica força que o mantém vivo.desse início intrigante, mero fiapo de história que sugere uma trama de espionagem, paul auster torna a surpreender seu leitor, encaminhando-o sutilmente a uma reflexao sobre o ato de escrever ficçao
Nao por acaso, o nome do protagonista é blank, que em inglês indica o papel em branco, o espaço vazio, o vácuo a ser preenchido, o alvo a atingir
Um dos encantos dessa pequena narrativa está justamente no fato de colocar o leitor numa posiçao análoga à de blank, que tem que descobrir aos poucos quem é e o que faz naquele local.saindo um pouco de seu registro habitual, de ambientaçao realista, urbana e contemporânea, mas sem perder o encanto envolvente de sua prosa, o autor da trilogia de nova york compartilha com o leitor, em viagens no scriptorium, as agruras e delícias do ofício de inventar e escrever histórias."a prosa de paul auster continua envolvente; esse curto romance conduz o leitor a passos rápidos até a elegante conclusao [...]
Os fas nao conseguirao resistir ao desejo de consumi-lo numa só sentada." - the guardian