O diabo na agua benta: ou a arte da calúnia e da difamaçao de luís xiv a napoleao a calúnia, a difamaçao e a maledicência floresceram como nunca na frança do século xviii
Antes da revoluçao, publicaçoes anônimas, denominadas libelos, desafiavam a censura ao combater o despotismo crescente do governo, cada vez mais distante do homem comum
Ante o risco de passarem o resto de seus dias nas celas da bastilha, os criadores desse submundo literário se refugiaram em diferentes capitais europeias
Em londres, estabeleceu-se uma verdadeira linha de produçao incluindo escritores, livreiros e distribuidores que recorriam a caminhos tortuosos pelos quais os libelos chegavam ao continente, onde eram consumidos por um público avido por ter acesso às intrigas e à imoralidade que reinava nos subterrâneos do poder
O diabo na agua benta: ou a arte da calúnia e da difamaçao de luís xiv a napoleao, um dos libelos mais corrosivos da época, é uma narrativa irônica do labirinto em que se perderam os agentes franceses que atravessaram o canal da mancha e se infiltraram nos becos londrinos dispostos a desmontar a indústria editorial que ameaçava os fundamentos da monarquia
Embora tivessem sucesso em intimidar um ou outro autor ou em suprimir algumas tiragens, os policiais eram geralmente ludibriados, e muitos se venderam, passaram a fazer jogo duplo e contribuíram para a multiplicaçao das denúncias que, segundo robert darnton, tiveram um papel nada desprezível na mobilizaçao popular que desencadeou a revoluçao
A partir de um trabalho de pesquisa de erudiçao invejável, darnton nos revela uma literatura pouco conhecida, de importância histórica indiscutível, precursora do jornalismo investigativo - e também do sensacionalista - dos nossos dias.