Um grande xama e porta-voz dos yanomami oferece neste livro um relato excepcional, ao mesmo tempo testemunho autobiográfico, manifesto xamânico e libelo contra a destruiçao da floresta amazônica
Publicada originalmente em francês em 2010, na prestigiosa coleçao terre humaine, esta história traz as meditaçoes do xama a respeito do contato predador com o homem branco, ameaça constante para seu povo desde os anos 1960
A queda do céu foi escrito a partir de suas palavras contadas a um etnólogo com quem nutre uma longa amizade - foram mais de trinta anos de convivência entre os signatários e quarenta anos de contato entre bruce albert, o etnólogo-escritor, e o povo de davi kopenawa, o xama-narrador
A vocaçao de xama desde a primeira infância, fruto de um saber cosmológico adquirido graças ao uso de potentes alucinógenos, é o primeiro dos três pilares que estruturam este livro
O segundo é o relato do avanço dos brancos pela floresta e seu cortejo de epidemias, violência e destruiçao
Por fim, os autores trazem a odisseia do líder indígena para denunciar a destruiçao de seu povo
Recheada de visoes xamânicas e meditaçoes etnográficas sobre os brancos, esta obra nao é apenas uma porta de entrada para um universo complexo e revelador
É uma ferramenta crítica poderosa para questionar a noçao de progresso e desenvolvimento defendida por aqueles que os yanomami - com intuiçao profética e precisao sociológica - chamam de "povo da mercadoria"
"a queda do céu é um acontecimento científico incontestável, que levará, suspeito, alguns anos para ser devidamente assimilado pela comunidade antropológica
Mas espero que todos os seus leitores saibam identificar de imediato o acontecimento político e espiritual muito mais amplo, e de muito grave significaçao, que ele representa
Chegou a hora, em suma; temos a obrigaçao de levar absolutamente a sério o que dizem os indios pela voz de davi kopenawa - os indios e todos os demais povos `menores' do planeta, as minorias extranacionais que ainda resistem à total dissoluçao pelo liquidificador modernizante do ocidente." - do prefácio de eduardo viveiros de castro