Em 1938, vinicius de moraes publicara seu quarto livro sob o título novos poemas
O uso do adjetivo nao era por acaso, pois ali havia mesmo uma mudança de rumos: após uma fase místico-religiosa, os versos mostravam agora ritmos variados, tinham vivacidade, observavam o cotidiano.em 1959, vinicius recuperaria o antigo título num volume que reunia poemas escritos entre 1949 e 1956: novos poemas (ii)
Mas as mudanças diziam mais respeito à vida que à obra
Numa breve observaçao da biografia do poeta, registramos que, durante os anos em que escreveu os versos recolhidos ali, vinicius viu, em 1950, morrer seu pai; no ano seguinte, casou-se pela segunda vez; teve duas filhas; foi também em 1953 que seguiu para paris como segundo-secretário da embaixada brasileira, lá permanecendo por quatro anos, quando foi transferido para montevidéu; nao bastasse tudo isso, foi em 1956 que conheceu tom jobim
Quanto aos poemas, eles confirmam as principais linhas de força da escrita de vinicius: a temática erótico-afetiva, a presença do cotidiano e do rio de janeiro, bem como a frequência do soneto e da balada, a musicalidade, a alternância entre a metrificaçao e o verso livre
Mas há também uma inclinaçao nova rumo à paisagem estrangeira, bem como um adensamento da disposiçao social e política, como se pode ver no célebre "o operário em construçao"
Só agora - mais de cinco décadas após seu aparecimento - novos poemas (ii) volta a ser editado como volume independente
A ediçao abre com um caderno de imagens que reproduz versoes anteriores aquelas que o poeta fixou, além de fotos relacionadas ao período englobado pela obra
Ao final, o leitor encontrará um posfácio escrito por ivan marques e, na seçao "arquivo", um abrangente ensaio de eduardo portela sobre a poética de vinicius de moraes.